Parceria Humana


Autoria: Hobjeto Arquitetura
Localização: Barra da Tijuca | RJ
Área: 30m²
Ano do projeto: 2020
Realização: H!Express
Fotografias: Denilson Machado MCA Estúdio
Produção: Equipe Hobjeto

O equilíbrio e a simplicidade minimalistas foram os princípios do nosso projeto para o Parceria Humana Studio – o primeiro studio de mindfulness do Rio, inspirado nos estúdios de outras grandes cidades do mundo.

O mindfulness é uma prática de ‘exercícios mentais’ inspirados no Budismo, apesar de ocidentalizados e totalmente laicos, com o objetivo de despertar a atenção ou a consciência plena em um momento de conexão, equilíbrio e transformação.

Nosso cliente precisava de um espaço onde pudesse receber as pessoas – já praticantes ou curiosos, de todas as idades e gêneros – em uma grade regular de aulas, cursos e workshops e hospedar uma agenda especial de eventos e atividades focadas no processo de autoconhecimento e desenvolvimento.

O conceito para tanto foi aliar sofisticação à praticidade, eficiência e despojamento à funcionalidade, mobilizando apenas o estritamente necessário para a clareza estrutural e formal do minimalismo, em um layout estilo ‘back to basics’, sem excessos.

Transformar o sonho do cliente e a subjetividade desses valores em cores, texturas, sensações, mobiliário e marcenaria é sempre o objetivo de todo e qualquer projeto. Mas aqui o significado foi ainda maior por esse local representar um veículo de transformação e ajuda para tantas pessoas num momento tão delicado da nossa história.

Enquanto refúgio plural, o studio passa a ser um lugar afetivo de transição do público e do privado. Mais que um lugar acolhedor, projetado para ensinar a prática, o espaço também foi pensado como uma cápsula, para que o usuário experiencie uma relação mais próxima com o ambiente e consigo mesmo.

Para solucionar demandas de usos diferentes do mesmo espaço, o layout multiuso é sempre uma boa pedida, otimizando o aproveitamento da área e trazendo como resultado ambientes mais flexíveis e menos hierárquicos.

O layout foi então resolvido com uma divisória em drywall repartindo a sala em dois ambientes sequenciais, sem separação de portas entre eles, deixando o vão de passagem aberto para que ficassem conectados: a recepção e a sala de meditação – o maior possível, ao fundo junto à janela, privilegiando a luz natural e solar para as atividades de permanência. Essa divisória foi sugerida um pouco mais recuada na recepção, reservando ao lado do banheiro existente, um pequeno espaço fechado para uso como depósito.

Assim, viabilizamos duas versões de layout com inúmeras possibilidades de uso, e garantimos a funcionalidade da sala maior tanto para meditação quanto para workshops, revezando entre os tapetes e zafus, utilizados para a prática dos exercícios, e entre as cadeiras empilháveis, que ficam guardadas no depósito quando não estão em uso.

Alem da criação do depósito, as soluções propostas para conferir tamanha flexibilidade foram bastante simples: uma prateleira alta para guardar o material de meditação, uma bancada aérea de apoio para as aulas e um sistema simples de som e projeção de imagens na parede. ㅤ

Na sala de meditação, temos um banco junto da janela, valorizando a luz natural do ambiente, e uma prateleira alta acomoda os zafus, no sentido longitudinal da sala, desde a recepção na entrada, até a janela, ao fundo.

Na recepção, um móvel tradicional da arquitetura japonesa, especialmente detalhado em marcenaria ripadinha, serve para sentar e acomodar todos os sapatos dos usuários do espaço, indo de encontro à tendência da volta dos halls e chapelarias. Um painel de marcenaria com cabideiros em sequência esconde o quadro de luz e serve de apoio para as bolsas e objetos de quem chega.

Um móvel multiuso especialmente detalhado acomoda o frigobar e oferece apoio para o serviço de chá, além de um tampo inferior retrátil que funciona como escrivaninha.

Priorizamos marcenarias pontuais super estratégicas e funcionais. A madeira clara presente no piso, único e uniforme, e na marcenaria, detalhada referenciando as técnicas japonesas, estabelece uma relação de segurança e transparência, pautada na essência da sua simplicidade e purismo.

Através do toque e do conforto deste elemento, o ambiente inspira valores de autocuidado, acolhimento e afeto, representando uma pausa para abrir espaço e criar memórias.

Novas noções de compartilhamento e organização dos espaços tem surgido pós-pandemia. Pontos fortes nesse projeto, como o projeto luminotécnico, sinal de Wi-Fi e um ambiente livre de ruídos, tornaram o studio preparado para a “temporada das lives”, enquanto ele não pôde ser inaugurado presencialmente por conta do distanciamento social.